De que maneira um idioma pode crescer, aumentar o número de palavras que o compõe? Cada língua tem seus mecanismos próprios de formação de novas palavras. No caso específico do português, existem alguns processos, sendo que os dois mais importantes são a derivação e a composição.

Para que você possa diferenciar bem esses processos e, com isso, evitar erros na resolução de exercidos, vamos inicialmente fazer a distinção entre três tipos de palavras: palavra primitiva, palavra derivada e palavra composta.

Palavra primitiva: é toda palavra que não nasce de outra, dentro da língua portuguesa. A palavra primitiva pode servir de ponto de partida para a formação de outras palavras.

Exemplos: rua, sol, pedra, cidade etc.

Palavra derivada: é toda palavra que se forma a partir de uma outra palavra pré-existente.

Exemplos: novidade (novo); ensolarada (sol).

Palavra composta: é toda palavra que se forma a partir da reunião de duas ou mais palavras (ou radicais).

Exemplos: pontapé (ponta + pé); azul-claro (azul + claro).

DERIVAÇÃO

Derivação é o processo pelo qual uma palavra nova (derivada) forma-se a partir de uma única outra palavra já existente (chamada primitiva).

Em geral, a derivação se dá pelo acréscimo de prefixo ou sufixo à palavra primitiva.

A derivação pode ocorrer das seguintes maneiras:

  • Derivação prefixal
  • Derivação sufixal
  • Derivação parassintética
  • Derivação regressiva
  • Derivação imprópria

Derivação prefixal: quando acrescentamos um prefixo à palavra primitiva.

Exemplo: RE + fazer → refazer

Derivação sufixal: quando acrescentamos um sufixo à palavra primitiva.

Exemplo: ponta + EIRO → ponteiro

Derivação parassintética (ou parassíntese): ocorre quando a um determinado radical acrescentam-se, ao mesmo tempo, um prefixo e um sufixo.

Exemplo: RE + pátria + AR → repatriar

Obs: A palavra só é formada por parassíntese se, ao tirarmos o prefixo ou o sufixo, ela deixar de ter sentido. Não existe, por exemplo, patriar. Se, tirando o prefixo ou o sufixo, a palavra continuar com sentido, dizemos que ela foi formada por derivação prefixal e sufixal. Exemplo: infelizmente.

Derivação regressiva: nesse caso, ao contrário dos anteriores, a palavra não aumenta sua forma, e sim diminui, reduz-se. Esse processo dá, principalmente, origem a substantivos a partir de verbos e ocorre com a substituição da terminação do verbo pelas desinências A, E e O.

Exemplo: O resgate dos passageiros foi feito através da âncora.

resgate: termina em E e indica a ação de resgatar, portanto é formada por derivação regressiva.

âncora: termina em A, mas não indica ação, portanto não é formada por derivação regressiva. Trata-se de uma palavra primitiva.

Derivação imprópria: é a passagem de uma palavra pertencente a determinada classe gramatical (substantivo, adjetivo, advérbio etc) para outra classe.

Exemplos:

a) fumar (é verbo) → o fumar (é substantivo).

b) claro (é adjetivo) → Ela fala claro (é advérbio).

Note que a palavra muda de classe gramatical sem sofrer modificação em sua forma.

COMPOSIÇÃO

Uma palavra é formada por composição quando, para constituí-la, juntam-se duas ou mais palavras (ou radicais).

A composição pode ser de dois tipos:

  • Composição por justaposição
  • Composição por aglutinação

Composição por justaposição: quando as duas (ou mais) palavras que se juntam não perdem nenhum fonema, mantendo, por isso, a pronúncia que apresentavam antes da composição.

Exemplos: passatempo (passa + tempo); couve-flor (couve + flor); girassol (gira + sol); pé-de-moleque (pé + de + moleque).

Composição por aglutinação: quando pelo menos uma das palavras que se unem perde um ou mais fonemas, sofrendo, assim, uma mudança em sua pronúncia.

Exemplos: petróleo (petra + óleo); fidalgo (filho + de + algo).

OS PROCESSOS SECUNDÁRIOS

Além dos dois processos principais já estudados (derivação e composição), temos ainda dois outros processos que, embora menos importantes, também contribuem para a formação de novas palavras em português. São eles:

Hibridismo: uma palavra é formada por hibridismo quando na constituição dela entram palavras pertencentes a idiomas diferentes.

Exemplo: sócio (latim) + logia (grego) → sociologia.

Onomatopéia: quando a palavra nasce de uma tentativa de reproduzir os sons da natureza.

Exemplos: tique-taque, reco-reco, zunzum.

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