A concordância verbal estuda as modificações que o verbo precisa sofrer para adaptar-se ao seu sujeito.

I. Sujeito simples

Regra: Quando o sujeito é simples (um só núcleo), o verbo concorda com ele em número e pessoa.

Exemplos:

a) O jovem Alexandre conquistou a Índia. (Brecht)

b) Ocorreu aos rapazes uma grande idéia.

II. Verbo + pronome apassivador SE

O verbo, quando acompanhado pelo pronome apassivador se concorda sempre com seu sujeito.

Exemplos:

a) Divulgaram-se os resultados.

b) Não se recuperou o documento perdido.

Observações:

a) Lembre-se de que tais frases podem ser passadas para a voz passiva analítica:

Os resultados foram divulgados.

O documento perdido não foi recuperado.

b) Você deve tomar cuidado para não confundir frases como as exemplificadas acima, onde ocorre voz passiva e, portanto, o verbo deve concordar com o sujeito, com frases onde o sujeito é indeterminado, nas quais o verbo deve-se manter sempre na 3ª pessoa do singular.

Exemplo: Desconfiava-se de algumas pessoas.

c) Lembre-se de que em frases onde o sujeito é indeterminado a estrutura verbo na 3ª pessoa do singular + SE não aceita a transformação para a voz passiva analítica; convém lembrar também que em geral (embora não sempre) quem impede essa transformação é a presença de uma preposição. Observe isso no exemplo anterior.

III. Sujeito composto

Quando o sujeito é composto, a posição dele em relação ao verbo influencia a concordância verbal. Daí termos:

Sujeito composto posicionado antes do verbo

Regra: quando o sujeito composto aparece antes do verbo, o verbo vai para o plural.

Observações:

  • Quando os núcleos do sujeito composto vierem seguidos por palavras com força de resumo (tudo, nada, ninguém, alguém) o verbo terá que, obrigatoriamente, ficar no singular.
  • Quando os núcleos do sujeito composto formarem uma enumeração gradativa, o verbo pode ficar tanto no plural como no singular.
  • Quando os núcleos do sujeito composto forem sinônimos, o verbo pode ficar tanto no plural como no singular.

Sujeito composto posicionado depois do verbo

Regra: Quando o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode ou ir para o plural ou concordar com o primeiro núcleo do sujeito.

Exemplo: Sumiram o policial e seu auxiliar. / Sumiu o Policial e seu auxiliar.

Sujeito composto de pessoas gramaticais diferentes

Regra:

  • a) eu + tu + ele(s) → verbo na 1ª pessoa do plural (nós).
  • b) eu + tu → verbo na 1ª pessoa do plural (nós).
  • c) eu + ele(s) → verbo na 1ª pessoa do plural (nós).
  • d) tu + eles → verbo na 2ª pessoa do plural (vós) ou 3ª pessoa do plural (vocês).

IV. A maior parte de, uma porção de + nome no plural

Regra: Quando o sujeito é constituído pelas expressões a maior parte de, uma porção de, grande número de, grande parte de etc, seguidas de um nome no plural, o verbo pode ficar tanto no singular como no plural.

V. Sujeito representado pelo pronome relativo que

Regra: Se o sujeito é o relativo que, o verbo deve concordar com a palavra que antecede o que.

VI. Sujeito representado pelo pronome relativo Quem

Regra: Quando o sujeito é o relativo Quem, o verbo pode tanto ficar na 3ª pessoa do singular como concordar com a palavra antecede o Quem.

Exemplo: Não somos nós quem mandamos aqui. / Não somos nós quem manda aqui.

VII. Qual de nós, qual de vós, algum de nós, algum de vós

Regra: Se o sujeito for um pronome interrogativo singular (qual) ou indefinido singular (algum, nenhum) seguido de de nós, de vós, dentre nós ou dentre vós, o verbo ficará necessariamente na 3ª pessoa do singular.

Exemplo: Nenhum entre vós seria capaz de vencê-lo.

VIII. Quais de nós, alguns dentre vós etc

Regra: Quando o sujeito é um pronome interrogativo plural (quais, quantos) ou indefinido plural (alguns, poucos, muitos) seguido de de nós, de vós, dentre nós, ou dentre vós, o verbo pode ficar na 3ª pessoa do plural ou pode também concordar com o pronome pessoal (nós/vós).

Exemplo: Quantos de nós resolveriam o exercício? / Quantos de nós resolveríamos o exercício?

IX. Sujeito representado por nome próprio no plural

Regra: Quando o sujeito é um nome próprio usado sob a forma de plural, o verbo:

  • fica no singular, se o nome próprio não apresenta artigo;
  • concorda com o artigo, se este aparecer antes do nome próprio.

Exemplos:

a) Ilhéus localiza-se no litoral da Bahia.

b) Os Estados Unidos desrespeitam a vontade dos povos.

Observação: Se o artigo fizer parte de títulos de obras (livros, peças etc.) o verbo poderá ficar tanto no singular como no plural.

Exemplo: Os Sertões na narra (ou narram) o massacre de Canudos.

X. Verbos indicativos de horas

Regra: Os verbos que indicam horas (dar, soar, bater) concordam normalmente com o seu sujeito.

Exemplos:

a) Deram três horas no relógio na matriz.

b) Deu três horas o relógio da matriz.

XI. Mais de, menos de + numeral

Regra: Quando o sujeito é constituído por mais de ou menos de, seguido por um numeral, o verbo concorda com o numeral.

Exemplo: Mais de um atleta desistiu da prova. / Mais de cinco atletas desistiram da prova.

XII. Um dos que, uma das que

Regra: Quando o sujeito é representado pelas expressões um dos que ou uma das que, o verbo pode ficar tanto no singular como no plural.

Exemplo: O treinador foi um dos que não faltaram. / O treinador foi um dos que não faltou.

XIII. Um e outro, nem um nem outro

Regra: Quando o sujeito é representado pelas expressões um e outro, nem um nem outro, o verbo pode ficar tanto no singular como no plural.

Exemplo: Nem um nem outro teria condições de voltar. / Nem um nem outro teriam condições de voltar.

XIV. Verbo parecer + infinitivo de outro verbo

Regra: Quando o sujeito da frase for plural e o verbo parecer apresentar-se seguido de outro verbo no infinitivo, a concordância pode ser feita de duas maneiras:

a) concordar o parecer com o sujeito e, deixar o outro verbo sem flexionar.

b) deixar o parecer sem flexionar e concordar o outro verbo com o sujeito.

Como você já sabe, o verbo ser funciona como verbo de ligação, por isso traz sempre associado ao sujeito um predicativo.

A estrutura básica de uma frase com o verbo ser pode, então, ser assim representada:

sujeito + verbo “ser” + predicativo

O verbo ser constitui uma particularidade, porque ele pode, em certos casos, concordar com o predicativo e não com o sujeito.

Os casos mais significativos de concordância do verbo ser podem ser expostos como segue abaixo:

I. quando o sujeito e o predicativo são nomes de coisa e um deles estiver no singular e o outro no plural, o verbo ser pode concordar tanto com um quanto com o outro, ficando, indiferentemente, no singular ou no plural.

Exemplo: A velhice seria apenas recordações? / A velhice seriam apenas recordações?

Observação: Embora o verbo ser possa ficar no singular ou plural, a tendência é colocá-lo no plural.

II. se o sujeito ou o predicativo for gente, pessoa (não coisa), o verbo g;r só poderá concordar com ele.

Exemplos:

a) O filho doente era as preocupações da mãe.

b) Os netos formados seriam a sua grande vitória na vida.

III. quando há pronome pessoal (eu, tu, você etc.) o verbo ser sempre concorda com esse pronome. '

Exemplo: O responsável sou eu.

IV. nas expressões é muito, é pouco, é demais, e outras que indicam quantidade, peso, medida etc., o verbo ser fica sempre no singular.

Exemplo: Dois séculos seria pouco para esquecermos isso.

V. na indicação de horas, datas e distâncias o verbo ser não tem sujeito (é impessoal) e concorda com o predicativo.

Exemplos:

a) Daqui a Brasília são novecentos quilômetros.

b) Já são seis horas.

c) Devem ser duas e meia.

d) Hoje é 2 de abril ou Hoje são 2 de abril.

Observação: Nesses dois últimos exemplos a concordância é explicada assim:

Exemplo: Hoje é (dia) 2 de abril / Hoje são 2 (dias) de abril.

O haver, quando usado no sentido de existir ou acontecer, é impessoal (não tem sujeito) e, por isso, fica sempre na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

a) Não havia alunos na escola.

Já houve muitas guerras no passado.

Observações:

I. quando usado em locuções verbais, o verbo haver (= existir, acontecer) transmite a impessoalidade para o verbo auxiliar, que também fica no singular.

Exemplos:

a) Não pode haver alunos na escola.

b) Amanhã vai haver manifestações na cidade.

II. o verbo haver quando não significa existir ou acontecer tem sujeito normalmente, com o qual deve concordar.

Exemplo: Se eles faltarem, eles se haverão comigo.

III. o verbo existir, ao contrário de haver, é um verbo comum, que tem sujeito com o qual concorda sempre.

Exemplos:

a) Não existiam alunos na escola.

b) Não vão existir mais dúvidas.

O verbo fazer quando indica tempo decorrido, passado, também é impessoal (sem sujeito) e, por isso, fica sempre na 3ª pessoa do singular.

Exemplos:

a) Já faz dois anos que ele sumiu.

b) Fazia alguns meses que nós havíamos chegado.

Observação: O verbo fazer quando usado impessoalmente também transmite o singular para o verbo auxiliar das locuções verbais.

Exemplo: Amanhã deve haver três meses que ele sumiu.

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